07 agosto, 2015

Permita que a tristeza te faça feliz


Sabe por que a tristeza é triste? Por causa de você – e de mim, também. Nós fugimos tanto dela, a transformamos tanto nesse monstro desprezível e errado de sentir dentro do coração que de maneira alguma ela poderia ser diferente.

Já a alegria não, ela é sempre exposta, gritada e declarada em cada foto no Instagram ou em cada status atualizado no Facebook. Vai ver é por isso também que nós ainda nos irritamos tanto com a felicidade alheia, né? Mas por que cargas d’água definiram um sentimento como bom e outro não? Cada um tem o seu papel dentro de nós e cada papel é essencial para sermos quem somos.

Desde criança, os meninos são instruídos a “engolirem o choro” porque isso é coisa de menina. E nós, mulheres, quando desaguamos pelos olhos logo ouvimos “está de TPM?” ou “para de mulherzice”. Mas, oras, quem foi que inventou que aceitar e demonstrar a tristeza é errado?

Da mesma maneira que a felicidade nos proporciona lembranças de ouro – a primeira vez que você sentiu um frio na barriga por alguém, ou a primeira vez que você viu um show da banda da sua vida, ou, então, aquele sábado à noite em que você não ia sair de casa e, em um piscar de olhos, se transformou no melhor dia da sua vida – e que carregaremos eternamente, a tristeza também é quem nos leva a sentir a felicidade mais intensamente e a fortalecer cada pedaço de quem realmente somos.

Ou vai me dizer que os meses de luto após o término de um namoro que você costumava considerar como o amor da sua vida, ou a cada vez que a vida te derrubou só pra te deixar mais forte e mostrar que, talvez, outro caminho foi feito pra você, não te trouxe ensinamentos mais valiosos do que aqueles que aprendemos enquanto sorrimos?

É lindo ser feliz e não carregar um sentimento de que falta algo na sua vida, mas é mais lindo ainda você se aceitar tanto, aceitar todos os seus sentimentos, a ponto de molhar o seu travesseiro à noite e mostrar ao mundo seus olhos inchados de uma noite mal dormida.

Então o meu conselho para todos aqueles que fogem diariamente das batalhas travadas com as suas infelicidades interiores é uma só: aceite, deixe os olhos transbordarem até inundar o seu coração e, acredite, serão esses dias escuros e cinzas que farão você chegar aos pores-do-Sol alaranjados em frente ao mar.

Sabe por quê? Porque um sentimento só vai embora depois de transbordar. Enquanto você engolir o choro e acreditar que você tem que ser feliz todos os dias da sua vida, você vai ser tudo, menos feliz.

Bagagem emocional

Demonstrar é tirar tudo de dentro e colocar à mostra. 
E tudo que se mostra é muito arriscado.



Você já parou para pensar que todos nós carregamos, diariamente, bagagens emocionais? É, isso mesmo. Uma mochila, uma mala ou uma bolsa similar a essas que você leva todo dia para o trabalho – depende do quanto você está disposto a carregar.

E nós, seres humanos acomodados e nada dispostos a trocar aquela mochila velha e surrada por uma nova porque “eu gosto tanto dessa mochila, eu conheço cada bolso dela, cada zíper quebrado”, preferimos continuar carregando nossas bagagens emocionais pesadas e surradas do que encostá-las e pegar uma mais leve.

Convenhamos, é muito mais fácil continuar carregando aquela mala que você sabe que pesa e machuca exatamente na mesma proporção de ontem do que ousar trocar por uma mais nova a qual você não sabe se vai machucar o seu ombro ou não. O novo amedronta.

Mas, cedo ou tarde, da mesma maneira em que você para de usar um sapato, pois a sola saiu de tanto usá-lo, você – e eu também – tem que se livrar dessa bagagem que não serve mais para guardar nenhum sentimento bom.

Recentemente eu fiz uma limpeza sentimental dentro de mim e, me desculpa, coloquei aquela bolsa surrada que você me emprestou com uma dose de amor dentro do meu baú imaginário com tudo que poderia ter sido e não foi. Decidi deixar pra lá essa ideia de carregar você comigo de um lado pro outro. Não posso – e nem quero – te apagar da minha história, mas deixei as páginas desse livro em cima da estante para juntar pó.

Larguei minhas bagagens emocionais que tanto pesavam e abri espaço para quem estiver disposto a encher-me de leveza, risos e borboletas no estômago. Quem sabe não é você, se aceitar me carregar contigo.

Ah, teus olhos verdes




Quer saber um segredo, que talvez eu nunca tenha contado pra ninguém? Eu sempre quis ter um amor com a cor dos olhos esverdeados. É, igual a esse teu que ainda não se cansou de olhar para os meus com cor de terra.

Sempre ansiei pelo mergulho nesse mar que alguns carregam no olhar, mesmo que todos meus amores antigos só tenham me oferecido o chão, não o pulo nessas águas lindas que vejo sempre quando meu olhar cruza com o teu.

Mas, ao contrário de todas minhas expectativas, esse teu mar é calmo e doce. É tão bom não ter que me manter alerta o tempo inteiro enquanto nado em ti, como se fosse me afogar, muito menos fechar os olhos e a boca para que o sal não me deixe ainda mais amarga. Sua doçura sai por todos os lados e só me faz te querer ainda mais.

Às vezes me pergunto se até suas lágrimas têm o gosto adocicado. Devem ter. Menina, queria te dizer que você é pura poesia. E, como todo verso declarado, esbanja alegria, pureza e suavidade por onde quer que passe.

Aprendi com o tempo que, assim como nas refeições, na vida devemos manter o nosso sabor em equilíbrio. Não se endurecer demais, não se amolecer de menos. Para pessoas como eu, extremistas, difícil chegar nesse ponto, mas não impossível.

De repente o teu sabor, misturado com o meu, seja o ponto perfeito para não nos estragarmos mesmo que o tempo passe. Diga-me o que gosta que eu procuro a receita. O que for do teu agrado, assino embaixo.