05 novembro, 2015
Dedicatória
Entre sorrisos
Ser tia e espalhar felicidade
O que tem de ser, será
07 agosto, 2015
Permita que a tristeza te faça feliz
Bagagem emocional
Ah, teus olhos verdes
15 junho, 2015
Tempo certo
Coloco um pé no chão e, similar a colocar o dedo na tomada e sentir a corrente elétrica correndo da cabeça aos pés, senti uma onda de ansiedade percorrer todo o meu corpo. Era como se minha alma já soubesse que, naquele dia, minha vida inteira mudaria.
Sem pressa, me arrumo e realizo todas as minhas tarefas diárias. O tempo passa, mas a angústia não. E pior do que viver um dia de angústia, é não saber o motivo dessa agonia que parece ter duas mãos extremamente fortes posicionadas bem em cima do peito.
Enquanto espero o ônibus, faço uma lista mental de todas as razões que poderiam me levar a sentir esse medo e felicidade, tudo junto e misturado.
– Aniversário de alguém especial? Não. Entrega de um trabalho importante? Não. Algum event…
Até que o ônibus chega e, num susto de volta à realidade, interrompe minhas indagações. O transporte estava tão lotado que acabo esquecendo o quanto meu coração estava prestes a transbordar de algo que eu nem sequer conseguia descobrir o que.
No caminho de volta pra casa, enquanto navegava pelas redes sociais em busca de qualquer distração até chegar ao meu destino final – minha cama –, me dei conta que era dia dos namorados. Nessa hora, todos os casais e o excesso da dosagem adocicada em cada um – fosse pelas ruas ou pelas postagens – fez sentido. Mesmo que, pra mim, não passasse de mais uma sexta-feira como outra qualquer.
Isso até o momento em que, em casa, abri a caixa do correio e me deparei com uma correspondência sem remetente. Eu andava tão esquecida que até olhei no calendário para confirmar que não estava esquecendo nada. E realmente não estava.
Sentada no meu quarto, abro o envelope branco e, nele, encontro nada além do que um papel dobrado com tanto cuidado que parecia ter sido feito milimetricamente planejado para que suportasse as mãos suadas, geladas e rápidas dos correios.
Quando o abri, puder notar que não reconhecia a letra. Conforme realizava a leitura, as lágrimas começaram a escorrer tão naturalmente quanto as minhas mãos buscavam pelas tuas quando dividíamos a cama – e a vida.
Na carta, você tentava ser breve ao me atualizar com tudo que eu já sabia sobre você, mesmo que eu não tivesse ouvido nada de você durante todo esse tempo. Ao final, você me pedia desculpas por, na época em que terminamos, não ter tido coragem para estar comigo, me tirava a dúvida e me enchia com a certeza de que também esteve pensado em mim… E, mais do que isso, me dava o aviso que naquela noite iria chegar na cidade que eu escolhi como lar. Você finaliza a carta com seu novo número e dizia que se eu quisesse poderia te ligar para nos encontrarmos.
Eu esperei tanto tempo por isso que todo esse tempo de espera me faz hesitar se te procurava ou não. É que eu não conseguiria te ver indo embora mais uma vez, sabe? Eu demorei tanto tempo para conseguir me reerguer que, talvez, eu não estivesse pronta ainda para me permitir fragilizar o coração por alguém novamente. Principalmente se esse alguém fosse você.
Tomo uma, duas, três cervejas e todo o amor que eu sentia no dia em que decidiu seguir sem mim me toma as mãos e te ligo. Quando você atende, quase me lembro de que quase tinha esquecido a sua voz e tenho que me concentrar para não mostrar meu nervosismo e gaguejar.
Marcamos de nos encontrarmos em uma pizzaria que não era tão boa quanto àquela que comíamos quando eu te visitava, mas engoli tanto as palavras nos últimos meses que até mesmo o gosto de algumas comidas acabou mudando.
Em meio aos risos, sorrisos e a vontade constante de te pegar pelos braços e puxar para dentro do meu abraço, você acaba confessando que, assim como eu, tem acompanhado minha “vida” por algumas redes sociais e que cansou de lutar contra nós. Antes que você terminasse a frase, eu já não conseguia pensar me nada.
Quando vi, estava com as mãos no seu pescoço e preparada para encostar os meus lábios nos teus. Nesse segundo, com você bem à minha frente me mostrando mais uma vez todos os motivos pelos quais me apaixonei por você, eu não queria saber de nada. Não queria explicativas, justificativas, e nem mesmo declarações. Eu só queria você.
Naquele segundo, eu não pensava em nada. Nada além de que, realmente, as coisas – e até mesmo o amor – têm seu tempo certo. E, talvez, naquele dia fosse a nossa hora de começarmos a ser felizes.
08 junho, 2015
Quando o nó aperta e sufoca
Alguns acreditam que esses apertos podem ser gases. E podem mesmo, sabia? Mas não é o meu caso. Assim como também não é derrame. Estou muito nova pra isso – se é que existe idade para esse tipo de coisa.
Costumo sempre ter o coração esmagado por intuições. Elas nunca falharam e essa mania certeira do meu “terceiro olho” sempre me tira um pouco do chão, porque vira e mexe é você quem me aparece dentro da cabeça me instigando que algo pode estar errado. Se estiver, você me procura? Espero que sim, mesmo sabendo que não.
21 maio, 2015
"O amor é tudo aquilo que nós dissemos que não era"
Amar não é escrever cartas românticas a todo instante, mas encontrar alguém que saiba e consiga te ler mesmo nos dias em que nenhuma palavra sai de ti. Não é lembrar-se de datas “especiais”, muito menos espera-las para presentear àquele que se ama, mas sim transformar o dia a dia do outro, durante todos os dias.
O amor também não é aquilo que lhe dá paz, nem tampouco um furacão. É simplesmente sentir a presença do outro como se a brisa do mar estivesse a soprar seu coração. Não é aquecer nas noites frias, é sentir-se suficientemente bem com a companhia do outro para não sentir calor em excesso, muito menos frio.
O amor não é paciente, é compreensivo. Só é preciso tolerar aquilo que não compreendemos, o que é compreendido é respeitado e aceito. Não é encontrar o seu equilíbrio em alguém, mas andar constantemente em uma corda bamba que pode se soltar a qualquer segundo – basta a outra pessoa, ou você, decidir soltar uma das pontas.
Para amar, não é preciso entregar seu coração nas mãos de alguém, mas sim alugar um espaço dentro do teu peito para alguém que já o conquistou. Não é lamentar durante todos os dias que antecedem o encontro, mas agradecer por ter encontrado alguém bom o suficiente para mexer com os cantos dos teus lábios.
Não é esquecer os problemas enquanto tomam um café num domingo à tarde, mas ter um par a mais de mãos te ajudando a resolvê-los. Não é perder noites de sono pelas brigas ou pela euforia da felicidade em ter alguém, mas dormir como um bebê após ser ninado pela mãe. É descansar em paz para que o tempo corra ainda mais depressa.
Não é mentir ou omitir parte das suas histórias para para evitar despertar desconfianças no outro, mas saber que ele não te julgará. Pelo contrário, sentará contigo em uma mesa de bar e dará risada das mesmas coisas que você.
Não é ceder a sua jaqueta para que o outro se esquente enquanto você tenta não demonstrar estar tremendo de frio, mas sim levar um agasalho a mais no caso dela ter se produzido tanto para te impressionar – mesmo que nós saibamos que ela ficaria linda até mesmo com a maquiagem borrada, o cabelo bagunçado e de pijamas – que tenha se esquecido do essencial.
Também não é esperar encontrar alguém igual a ti, com os mesmos gostos e preferências. Assim como não é, também, encontrar alguém totalmente oposto à você. Talvez o amor seja encontrar alguém que simplesmente faça sua vida um pouco mais colorida, independentemente das suas crenças e anseios.
Amar, por fim, não é obstáculo. O amor é solução. Por isso, quando houver empecilhos demais, desconfie. Esse sentimento pode ser qualquer coisa, menos amor.
12 maio, 2015
frágil.
(Caio Fernando Abreu)
16 abril, 2015
voe.
- Eu estou voando. O desafio está em querer pousar e
me aninhar em outros braços e abraços.
Desde o dia em que você desfez nosso ninho, não teve um dia inteiro que passei sem pensar em você. Daqui de cima a vista é tão bonita e tão mais clara que pensei poder te avistar sem dificuldades, mas você se escondeu tão bem de mim que tudo o que encontro são apenas rastros e pegadas que se confundem com os passos que demos juntas.
Há pouco tempo escolhi uma cidade e pousei. Decidi descansar meu corpo dessa viagem – ou seria fuga? – que já vem durando alguns meses. Encontrei o meu pedaço do paraíso da Terra e acreditei que, aqui, não te sentiria.
Ao contrário de todas minhas certezas, te vejo todas as vezes que o Sol decide aparecer entre as montanhas que me cercam. Te sinto também todos os dias em que ele não sai e se esconde dentro da tela cinza que São Pedro pinta para que a água brote também de fora pra dentro da gente.
A verdade é que eu não vou construir um novo ninho até você voltar. Vou continuar voando de um lado pro outro, em uma busca incessante pelo teu cheiro. O mundo é gigante, mas é também um ovo. Quem é pra cruzar nosso caminho, encontra um jeito de aparecer.
Você já me apareceu, agora só falta reaparecer e decidir ficar.
15 abril, 2015
Pulei da cama de uma só vez, como de costume, mas abrir os olhos não foi tão rápido assim. Eu estava vindo de um lugar especial, de um mundo o qual nada me mantinha longe de ti. Sim, nessa manhã eu acordei de um sonho bom com você. Só de lembrar já me dá uma vontade absurda de voltar para os teus braços.
Eu queria que você fosse esse computador e me ouvisse registrando cada flash de uma noite mergulhada em sonhos. Queria que você tivesse vindo me encontrar de verdade, dizendo sentir saudades e se entregando pra mim – dessa vez, definitivamente.
Na verdade, o que eu quero mesmo é você. Longe, perto, tanto faz. Eu já tenho tanto de você dentro de mim que a consequência mínima para esse tanto de amor é, simplesmente, te querer aqui.
Hoje eu aproveitei as nuvens carregadas e mandei, por elas, um beijo molhado pra você. Quando elas desaguarem em Marília, espero que esteja na rua e o receba. Elas disseram que iam se reunir com o relâmpago e pedi para que ele fizesse do céu um palco e tocasse Wonderwall pra você. O vento também passou forte por mim e se encarregou de levar um pouco do meu cheiro até você.
Tomara que ainda se lembre dele. Ou de mim.
09 abril, 2015
fight!
A pior batalha da sua vida não será em busca do melhor emprego contra os candidatos mais bem qualificados. Tão pouco será contra o governo em busca de melhores salários, hospitais ou ensino público.
Também não vai ser contra a sua mãe que não aceita sua sexualidade ou contra o seu pai que não quer te emprestar as chaves do carro para ir ao cinema. Nenhuma dessas batalhas são significantes diante da pior delas: a batalha interna contra seus próprios demônios.
Quando o coração veste um colete à prova de amores e a cabeça toma a frente nessa guerra, seu maior inimigo é você mesmo.
Não adianta correr ou hastear a bandeira branca em busca de paz... Entre razão e emoção não existe equilíbrio: um precisa deixar o campo de batalha para que o outro respire aliviado.
02 abril, 2015
deixir.
Tem um barco na minha casa e, antigamente, ele costumava navegar em direção ao teu abraço. Era como se o piloto automático, com destino à tua casa, tivesse vindo embutido nele.
Da última vez que nos falamos, você jogou álcool para atear fogo no motor dele pra que eu nunca mais viesse a te procurar. O que você não sabia era que o líquido para me manter longe também serviria como combustível para me embriagar desse amor que (ainda) me prende a você, que já se desprendeu dele há algum tempo.
Nunca mais coloquei meu barco em alto mar para te amar, mesmo continuando ancorada ao que poderia ter sido e não foi.
No último pôr-do-Sol, transformei minha saudade na alegria de outra pessoa. Tirei a poeira da minha garagem e presenteei um senhor que estava sentado olhando o horizonte e desejando voltar para casa. Ele sorriu e partiu.
Enquanto eu observava o barco sumir na imensidão azul que se confundia entre o céu e o mar, lembrei que o motivo de te amar não estava em estar com você, mas simplesmente sentir.
Eu parti e sorri também.