12 maio, 2015

frágil.


"Frágil: você tem tanta vontade de chorar, 
tanta vontade de ir embora. 
Para que o protejam, para que sintam falta. 
Tanta vontade de viajar para bem longe, 
romper todos os laços, sem deixar endereço. 
Um dia mandará um cartão-postal 
de algum lugar improvável. 
Bali, Madagascar, Sumatra. 
Escreverá: penso em você. 
Deve ser bonito, mesmo melancólico, 
alguém que se foi pensar em você
 num lugar improvável como esse. 
Você se comove com o que não acontece, 
você sente frio e medo. 
Parado atrás da vidraça, 
olhando a chuva que, 
aos poucos, começa a passar."
(Caio Fernando Abreu)



Somos feito frascos de vidro, frágeis, e a qualquer segundo podemos cair, nos despedaçarmos e desintegrarmos até deixarmos de ser o que costumávamos ser.

A diferença entre nossa fragilidade e a de um pote de azeitona é que nós, humanos, teimamos em achar que somos eternos. Deixamos a louça pra lavar depois, deixamos pra ver os amigos amanhã, adiamos a viagem dos nossos sonhos para o mês que  vem e transferimos aos ventos - ou ao destino, como quiser - a responsabilidade de amarmos só no ano que vem.

Acreditamos sermos donos das nossas vidas, mas esse poder nos é tirado mais rápido que um piscar de olhos.

Eu não me despedacei por você, me mantive intacta pra continuar sendo sua. Mas você tentou - e conseguiu? - me despedaçar até eu não existir mais dentro de você. Enquanto tento colar as peças pra te mostrar o sentido em sentir, você bem que poderia esquecer aquela história da vida nos colocar mais uma vez frente a frente e simplesmente vir me encontrar.  

Vem?

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