24 junho, 2013

Um minuto de silêncio, por favor!

Era para esse texto, que será uma reflexão das manifestações de quinta e sexta-feira, em Piracicaba, ter saído na semana passada, mas antes tarde do que nunca.

Em primeiro lugar, na quinta-feira, pra mim, foi uma passeata, não uma manifestação ou protesto buscando mudar alguma coisa no mundo – ou em Piracicaba. Com percurso pré-definido, todos já sabiam por onde passaríamos e qual horário aconteceria. Além disso, cartazes com focos distintos, até mesmo uma escrito “PEC 33” (sim, acredite) e outro com “Não é pelos R$ 0,20”, oi? Estamos em Piracicaba e são R$ 0,40.Tirando isso, era um monte de gente caminhando e cantando o hino nacional, como se fosse uma passeata em comemoração quando o Brasil ganha a Copa do Mundo – já que também tínhamos números altos de pessoas com a cara pintada de verde e amarelo – ou uma passeata da paz. Desde quando sair desfilando pelas ruas muda alguma coisa? Não estou incentivando a destruição do patrimônio público, mas sem atrapalhar o outro, ninguém nem percebe que estamos ali. É ou não é?

Quinta-feira acabou e, na sexta-feira, chegou o dia de manter o movimento Pula Catraca ativo. Ao contrário do dia anterior, foi efetivamente um movimento do Pula Catraca, voltado apenas para o preço abusivo do transporte público de Piracicaba. Com encontro marcado às 17h na Prefeitura Municipal de Piracicaba, não acreditava nem que 100 pessoas fossem voltar às ruas. É aquele lance simples e fácil: as pessoas só se movimentam quando está em alta tendência. Para minha surpresa, às 18h, já não conseguia ver o final do mar de gente em frente à Rua do Porto. Seguimos e fizemos um trajeto sem que nenhuma autoridade – fosse militar ou partidária – soubesse e caminhamos por entre os carros. As pessoas, em seus veículos, seguiam nos apoiando ao buzinar e acenar com sinais de “jóia”. Mas, pra mim, o marco de que o movimento estava mais do que nunca fortalecido e organizado foi quando, ao passar em frente à Santa Casa e ao Hospital Independência, todos pararam de gritar e batucar. Como um povo que faz isso pode ser, supostamente, o mesmo que saqueou as lojas, no dia anterior?

Não pude terminar o percurso, que seguiu até a entrada da cidade pela rodovia Luiz de Queiroz – o famoso peixe –, com os manifestantes pois tinha que ir para a Faculdade, então me dirigi até o Terminal do Piracicamirim, já que o movimento estava sendo pacífico, não tinha porque os ônibus não estarem circulando. Certo? Errado. Cheguei no Terminal e havia acabado de ser cancelada a circulação dos ônibus: atearam fogo em um veículo há pouco, no mesmo local. Como eu estava no protesto e sabia que nem sequer tínhamos passado por lá, fiz questão de argumentar com os funcionários e explicitar que não tínhamos sido nós. E, para minha surpresa e alegria, ouvi: nós sabemos, foram uns vandalozinhos que se aproveitam da situação. Após isso, tive meu dia um pouco mais feliz.

Morri de tanto andar e caminhar, perdi a voz e as pernas, mas voltei para casa um pouco mais leve. Pude sentir, pela primeira vez, que estávamos começando a fazer a diferença. Na manhã de sábado abro o Jornal de Piracicaba e encontro a manchete: “Ferrato diz que vai rever tarifa em mais um dia de protesto”. Rever, senhor Prefeito? Qual parte de REVOGAR o senhor não está entendendo?

Amanhã seguimos para o terceiro dia de protesto. Cada dia mais forte, cada dia mais unido, cada dia mais focado. Vamos Pular Catraca e começar mudando nossa “casa caipíra” para, depois, mudarmos o resto do país. VEM PRA RUA, PIRACICABA!

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